1 de setembro de 2017

Tortura de presos pela PM em delegacia do Amapá é prática comum da corporação em todo o País



O Ministério Público do Estado (MPE-AP) denunciou e pediu a prisão de 6 policiais militares por tortura de 3 acusados de uma tentativa de roubo ocorrida em março deste ano. Os acusados teriam espancado os presos com chutes, coronhadas e fuzil, além de terem se utilizado de spray de pimenta durante a sessão de tortura no Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp) localizado no bairro Pacoval, na zona norte da capital.

O promotor Marco Antonio Vicente, da Promotoria de Justiça de Investigações e Cíveis Criminais, afirma que ação levada à Justiça na terça-feira, 29, leva em conta o testemunho das vítimas, de testemunhas, além do laudo pericial da Polícia Técnico-Científica (Politec). Embora haja provas robustas contra os policiais, alguns soldados se recusam a falar e outros simplesmente negam qualquer a autoria nos crimes.

Segundo levantamento de informações do MPE-AP junto às vítimas e testemunhas, os policiais aplicaram chutes nas partes genitais dos presos, golpes de chinelo em seus rostos e grande quantidade de spray de pimenta que acabou por se espalhou por toda a delegacia, levando o delegado de plantão Luiz Carlos Gomes a decretar a prisão dos PMs que foram levados embora por um capitão da corporação, recebendo este também voz de prisão.

O caso de violência da PM revela um evento extremamente corriqueiro não apenas dentro, mas também fora das delegacias de polícia no país pela corporação que mais mata no mundo e que estabelece seus próprios padrões de abordagem a partir do estereótipo de quem considera “cidadão de bem” ou “bandido”. No último caso, a presunção de “culpa” é a regra para a PM, no que atirar primeiro para perguntar depois constitui o verdadeiro modus operandi que rende à corporação altos índices de tortura e assassinatos, principalmente de negros e pobres em todo o país.

A PM é uma instituição legada pela Ditadura Militar que abomina os direitos humanos dos quais os próprios policiais não abrem mão quando precisam e atua em defesa da propriedade privada e da burguesia. Portanto, não está submetida à classe trabalhadora, mas a classe dirigente a que é efetivamente quem comanda a repressão dos trabalhadores e do conjunto do povo pela PM. De maneira que a violência da corporação não se restringe a “casos isolados” como alardeia a imprensa capitalista e o número de PMs envolvidos em casos de tortura, assassinato tanto de baixa como alta patente é apenas uma evidência disso.

Na verdade, convém lembrar, inclusive, a fala do capitão Mello Araújo das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), tropa de elite para PM paulista, objeto de uma matéria deste portal, sobre como a PM deve abordar pessoas em bairros ricos e pobres, revelando não somente o racismo institucional, mas a própria violência institucional da instituição que não pode resultar noutra coisa que não seja num processo de limpeza racial em que apenas negros e pobres acabam espancados, torturados e mortos, tal como Amarildo, morto pela PM no Rio de Janeiro numa UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) em 2013.

O problema da violência policial numa sociedade de classes em todas as esferas não passa pelo “poder público” e demais extensões do Estado burguês, mas pela criação democrática de comitês de autodefesa contra a repressão do Estado na figura das polícias, assim como a dissolução dessas instituições repressivas da burguesia em favor da formação de milícias operárias controladas direta e unicamente pelos trabalhadores que são as principais vítimas da PM e de outras corporações igualmente truculentas e mortíferas para o povo negro e pobre.