O debate dos candidatos à prefeitura de Macapá na noite da terça-feira (19) foi marcado pela truculência de representantes de conhecidos partidos da velha direita amapaense que partiram para cima de estudantes e militantes anarquistas que constroem o movimento estudantil e que frequentam o espaço de vivências Oca Kiriri na Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) que nessa ocasião realizavam um ato durante o debate.
A ação direta do movimento de estudantes foi imediatamente rechaçada tanto pela reitoria quanto pelos representantes dos candidatos burgueses e pequeno-burgueses. No caso destes últimos é inegável – como mostram os vídeos presentes nas redes sociais – a violência que empregaram para com os estudantes que tiveram suas faixas arrancadas à força, revelando o que pensam esses elementos reacionários sobre a liberdade de expressão e sobre a militância estudantil e operária.
Nesse sentido, o fim do debate e, principalmente o ato dos estudantes, trabalhadores e anarquistas incomodou bastante a reitoria, os assessores dos candidatos e a imprensa monopolizada cartelizada pela direita amapaense. Por parte do reitorado houve, inclusive, a ameaça de expulsão dos estudantes envolvidos no protesto, demonstrando que manifestar opiniões contrárias na universidade é proibido e, assim como na Ditadura Militar, o direito a manifestação está cassado na UNIFAP há muito tempo. De fato, a ação ditatorial ainda é reforçada pelas calúnias dos “militantes” dos partidos da direita e da imprensa amapaense que sem dar qualquer direito de defesa e de resposta aos manifestantes, chegaram ao cúmulo de atacar covardemente e acusar os estudantes e o próprio movimento anarquista de serem “fascistas”, escancarando a velha estratégia burguesa de acusar os oprimidos de praticarem ou ser aquilo que esses elementos ultrarreacionários fazem e são verdadeiramente: fascistas.
Num contexto de novo ascenso do fascismo no Brasil inteiro e em face desses ataques aos estudantes, ao movimento estudantil combativo, aos trabalhadores, ao direito de liberdade de expressão e de manifestação o Jornal Mobilização Operária publica na íntegra a nota de esclarecimento dos militantes anarquistas, estudantes, trabalhadores e frequentadores em geral da Oca Kiriri sobre o fato. Segue a nota:
NOTA DE ESCLARECIMENTO
Diante dos últimos fatos ocorridos no interior da universidade federal do Amapá, os estudantes e trabalhadores que tencionaram a ação direta reivindicatória durante o início de um debate com candidatos à prefeitura de Macapá vem a público esclarecer:
- A ação direta historicamente tem claro e determinado fim político e reivindicatório, sendo, pela sua natureza, uma arma utilizada, sobretudo por trabalhadores e estudantes libertários, ou seja, fundamentalmente por aqueles que se levantam e sempre se levantaram contra o engessamento institucional, o aparelho Estatal recheado de ultra-oportunistas e todas as formas de repressão ao longo da História;
- A despeito das declarações da administração da UNIFAP, a ação direta tencionada pelos estudantes e trabalhadores em nenhum momento, reitera-se, em nenhum momento atingiu ou representou qualquer ameaça à integridade física e/ou moral de qualquer dos presentes no ginásio poliesportivo da UNIFAP ou ainda à estrutura física daquela instituição. Somos negros, pardos, “brancos”, homens e mulheres, professores, estudantes universitários, trabalhadores operários e acadêmicos. Integramos, sim, o ambiente universitário e não apenas ele;
- Os registros em vídeo e fotos do início do debate dão conta, na verdade, que não foi a ação direta de estudantes e trabalhadores independentes e autônomos que deu cabo ao fim da atividade partidária na UNIFAP, mas a reação desproporcional, agressiva e ameaçadora de indivíduos direta ou indiretamente ligados à candidaturas presentes, além de agentes ligados à organização do debate. Indivíduos que, uma vez descontrolados, tentaram reprimir pela via da agressão física, do derrubamento das mesas do palco e pela tomada das faixas, a ação independente, em caráter interventivo e que em toda integralidade manteve a linha política, inclusive após os eventos causados pelos partidários diretos e indiretos;
- Logo, não surpreendem as acusações levianas, numa desvelada tentativa de coagir e reprimir manifestações na Universidade a partir da reafirmação de práticas de perseguição a trabalhadores e estudantes por meio do aparelhamento de armas de repressão, da ameaça punitivista e da caça política própria de agentes a serviço de regimes totalitários;
- Ressaltamos que não é a primeira vez que manifestantes e grupos auto gestionados sofrem ameaças da administração da UNIFAP e de coletivos vinculados diretamente a partidos políticos; perseguição hoje acentuada, sobretudo em virtude do levante de universitários independentes contra o descalabro administrativo da atual gestão da universidade, que se vale, inclusive, da página institucional da Universidade para propagar inverdades, ameaças e confundir a opinião pública;
- Os estudantes e trabalhadores envolvidos na ação direta reiteram que não irão se curvar diante de qualquer ameaça, tentativa de agressão ou espécie de conchavo midiático-eleitoral e institucional na tentativa de desqualificar ações políticas diretas perante a comunidade estudantil, trabalhadores e a sociedade em geral;
- Defendemos, como exposto nas faixas, a bandeira do passe-livre no transporte público, do fim do voto obrigatório e do abandono à farsa eleitoral, fazendo o chamamento ao fortalecimento da política horizontal e descentralizada, localizada em conselhos populares e demais plataformas de atuação direta e efetivamente democráticas.
Reiteramos, por fim, que não integramos qualquer agrupamento partidário. Nos levantamos contra a farsa eleitoral e chamamos a atenção de todos para a perseguição política institucionalizada a estudantes e trabalhadores independentes que ocorre cotidianamente nas ruas, escolas e universidades do país.
Tome posse!
Não vote!
Não vote!
Em 21 de setembro de 2016.
Nenhum comentário:
Postar um comentário