Com três meses de mobilização, docentes e técnicos administrativos da Universidade do Estado do Amapá (UEAP) deliberaram nesta sexta-feira (17) pela manutenção da greve iniciada em 17 de março, visto que até o momento o governo de Waldez Góes (PDT) não atendeu a nenhuma das reivindicações dos servidores, mantendo a política de boicote a qualquer negociação com as categorias.
Os servidores lutam, entre muitas outras pautas, por reajustes salariais, investimentos na infraestrutura dos campi, bem como pela criação do PCCR (Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração). Entretanto, a posição política do governo em todas as mesas de negociação tem sido negligenciar inteiramente o conjunto de pautas dos servidores e mesmo dos estudantes que chegaram a ocupar o prédio da instituição, promovendo uma ampla campanha de denúncias sobre o abandono e evidente processo de desmonte da UEAP.
Durante a assembleia, os servidores discutiram as últimas propostas do governo, tal como as demandas das categorias, ratificando as denúncias sobre as questões referentes à infraestrutura da universidade que tem afetado de maneira dramática os servidores no que se refere às atividades de ensino, pesquisa e extensão e, portanto, também os estudantes e funcionários terceirizados da universidade.
Desde o início da paralisação dos docentes, técnicos administrativos e estudantes, esses segmentos têm reivindicado o repasse imediato do recurso legal que garantiria a manutenção da UEAP, o que hoje não poderia ser inferior a R$ 1,2 milhão mensal. Todavia, o governo atreveu-se a colocar em perigo a existência da única universidade pública sob sua gestão, propondo um valor de R$ 700 mil durante a ocupação dos estudantes da instituição, no que foi bem sucedido, pois a ocupação já havia sofrido a ameaça da reintegração de posse e se encontrava e nessa ocasião se encontrava sob risco de intervenção policial numa pressão escancarada sobre os estudantes que acabaram por ceder ao acordo malogrado que, evidentemente, favoreceu apenas o governo. Nesse sentido, um exemplo da vitória dos poderes do Estado pela destruição da UEAP é justamente o fato de que a dívida da universidade está orçada, de acordo com informações dos servidores, em R$ 4 milhões, sobretudo com fornecedores, de modo que as dívidas contemplam, por exemplo, os repasses para a empresa de vigilância e o aluguel do prédio do Campus II (sim, a UEAP não possui prédio próprio).
Diante desse quadro claro de destruição da universidade, o governo tem sustentado de maneira cínica sua “disposição” para negociar, embora tenha proposto na última mesa o fim da mobilização das categorias sem atender a nenhuma reivindicação de um enorme conjunto de pautas. Na verdade, o governador Waldez ousou mais, protelando as discussões sobre o plano de cargos, carreiras e remuneração dos técnicos administrativos para o mês de agosto sob a tradicional desculpa da crise econômica numa flagrante manobra para neutralizar esta que é a principal reivindicação da categoria, assim como inviabilizar o repasse de 2% do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) legalmente destinado à universidade.
De acordo com informações do SINTEC (Sindicato dos Técnicos Administrativos da UEAP), 30% dos servidores efetivos estão trabalhando normalmente. Trata-se de uma determinação ditatorial aplicada e fiscalizada pelo Poder Judiciário que mostra o caráter reacionário das instituições e aparelhos do Estado e sua defesa irredutível e parcial dos interesses da burguesia amapaense que é, de fato, quem efetivamente controla não apenas os recursos públicos destinados à UEAP e a outras repartições públicas, mas também os poderes de Estado usados, não por acaso, contra os docentes, técnicos administrativos, estudantes, contra toda a comunidade universitária em seu conjunto e, portanto, contra os interesses do povo amapaense que amarga a falência da universidade.
Dessa forma, conforme o tempo avança o que se confirma de maneira veemente é que somente a mobilização independente e radicalizada dos servidores, estudantes e da população em seu conjunto pode barrar todos os ataques sofridos pela UEAP, de modo que é preciso deixar de lado as ilusões infrutíferas nas instituições corruptas do Estado e sabidamente parasitárias do erário público amapaense, ampliando e radicalizando imediatamente o movimento, paralisando absolutamente todos os serviços e promovendo uma intensa pressão contra o governo anti-trabalhador de Waldez com atos combativos que mostrem a força dos trabalhadores, dos estudantes e do povo que são, sem dúvida, os setores mais preocupados com o desenvolvimento da universidade.