7 de outubro de 2016

História do Movimento Operário Brasileiro: A “Revoada dos Galinhas Verdes”



A “Revoada dos Galinhas Verdes” foi o título pelo qual ficou conhecido o desfecho histórico da luta armada entre trotskistas, anarquistas, stalinistas e sindicalistas das mais diversas categorias sob a forma da Frente Única Antifascista (FUA) contra os fascistas da Ação Integralista Brasileira (AIB) que na ocasião sairiam na “Marcha dos Cinco Mil”.
A luta do proletariado contra a ameaça fascista ocorreu na Praça da Sé, em São Paulo, em 07 de outubro de 1934, sendo também conhecida como “Batalha da Praça da Sé” para onde se dirigiram os integralistas que pretendiam fazer uma demonstração de força contra a classe trabalhadora, copiando uma manifestação fascista ocorrida em 1922, a Marcha sobre Roma, que acabou por levar Mussolini ao poder, na Itália.
Com o desdobramento da crise do modo de produção capitalista em franco crescimento, sobretudo na Alemanha e na Itália, o impulso do fascismo foi a cartada da burguesia para evitar a completa bancarrota nesses países com a imposição de governos de extrema direita, isto é, de força contra o proletariado.
Ante esse contexto econômico e político, surgem o fascismo e o nazismo, o primeiro sob a figura de Benito Mussolini e o segundo sob a direção de Adolf Hitler, ambos protagonistas da mais ampla perseguição contra a classe trabalhadora, contra suas organizações e, claro, sendo algozes mortais dos comunistas, principalmente dos trotskistas que foram legítimos adversários do fascismo, denunciando, inclusive, a capitulação hedionda da URSS sob o controle da burocracia stalinista que ocasionou a subida de Hitler ao poder na Alemanha e um massacre dos socialistas nesse país, após a consolidação do nazismo.
O ascenso do fascismo nestes Estados também gera o impulso da tendência em outros países mundo a fora, tal como no Brasil, onde Plínio Salgado se tornou a figura central do movimento através da AIB, com vistas a garantir o controle e subjugação da classe operária e, num plano maior, atenuar a crise crônica do grande capital pela super exploração das massas trabalhadoras pela via de implementação de governos de força.
No caso brasileiro, a classe operária organizada ciente desse grave quadro político sente a necessidade inadiável de combater o inimigo e, para tanto, chega à conclusão de que derrotar o fascismo só será possível através de uma ampla unidade da esquerda, dos trabalhadores por meio de uma frente única. Nesse sentido, apesar das divergências teóricas e práticas históricas, trotskistas, anarquistas, stalinistas e sindicalistas constroem com muito custo a FUA para derrotar o movimento integralista que há muito já ameaçava os trabalhadores e suas organizações de luta.
O auge desse enfrentamento ocorre justamente na Praça da Sé, na qual os integralistas haviam marcado seu comício mais audacioso, o que seria efetivamente o “batismo de fogo” do fascismo no Brasil se não fosse a resposta imediata da FUA que também marcou um ato para o mesmo dia, hora e lugar, exatamente porque pretendia enfrentar nas ruas o principal inimigo da classe trabalhadora nesse cenário.
Face a face com os integralistas, os socialistas, comunistas, anarquistas e sindicalistas de várias categorias, com armas em punho, não aceitaram calados as provocações e ataques dos integralistas e partiram para cima do inimigo, revidando a ferro e fogo suas investidas. De fato, a Praça da Sé se transformou em campo de batalha com uma visível superioridade da FUA ante os fascistas que, apavorados e, alvejados pelos trabalhadores por todos os lados, começam a bater em retirada.
Percebendo a derrota humilhante e iminente, os integralistas começam a correr desesperadamente para longe dos operários armados que seguem perseguindo os inimigos que na fuga, desfazem-se dos seus uniformes verdes-oliva, atirando-os para o ar para evitar seu reconhecimento e, portanto, seu massacre pela classe trabalhadora que, a essa altura, estava com a batalha mais do que ganha, registrando para a história o acerto do trotskismo da necessária luta contra o fascismo ante a capitulação stalinista na II Guerra Mundial.
A “Revoada dos Galinhas Verdes” – rótulo eterno dos integralistas que fugiram covardemente em debandada, exatamente como galinhas desesperadas em face do abate – terminou com o saldo, de acordo registros históricos, de seis mortos, vários feridos e a derrota mais humilhante imposta ao fascismo no Brasil da qual até hoje – mesmo com o impulso recente dado pelos grandes capitalistas nacionais e internacionais – não se recuperou no cenário brasileiro.
Embora o fascismo tenha sido esmagado nesse período em várias partes do mundo, o Brasil é uma evidência disso, é visível que hoje está sendo novamente impulsionado pela burguesia dos países imperialistas – notadamente na Alemanha, França, Reino Unido, Ucrânia – como última cartada que tem como objetivo impor às massas trabalhadoras o pagamento da conta da crise terminal do capitalismo através do estabelecimento da extrema-direita nos governos dos Estados capitalistas para com isso também sustentar o regimes políticos que estão caindo aos pedaços e que garantem seu controle do poder político e, sobretudo econômico.
Dessa forma, também é perceptível que o impulso do fascismo no atual período é o sinal de que a classe operária está novamente entrando em movimento com tendências claramente revolucionárias, o que não simboliza outra coisa para os capitalistas que não seja o soar da hora final do modo capitalista de produção e, portanto, da revolução proletária mundial.

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