Anunciada no último dia 22 pelo governo de Michel Temer (PMDB), a medida provisória que reforma o ensino médio tem sido alvo de denúncias e protestos em todo país pelo imenso retrocesso que carrega consigo, passando pela extinção de matérias que antes eram obrigatórias, tal como artes, sociologia, filosofia, entre outras, bem como pela implementação do sistema de integralidade no ensino público sem qualquer contrapartida financeira e estrutural para as escolas, melhores condições de trabalho para os professores, aumentando sua carga horária e, ainda, impondo o bizarro critério de “notório saber” para a contratação desses profissionais, inclusive sem concurso.
Com a repercussão extremamente negativa do projeto que traz como colaboradores o ator pornográfico, Alexandre Frota, um defensor da “escola sem partido”, o governo tratou logo de ensaiar um recuo sobre a obrigatoriedade das matérias que, na prática, sairiam do currículo, tal como artes, sociologia, filosofia e educação física. Na verdade, a questão é mais grave já que a intenção era extinguir as disciplinas, abrindo precedente, inclusive para justificar mais cortes no orçamento da educação e, consequentemente demitir professores das disciplinas extintas ante o alegado cenário de crise econômica.
A medida golpista ainda traz a ampliação da carga horária de 800 para 1400 horas anuais sob a forma de integralidade do ensino médio sem considerar o quadro crônico em que se encontram as escolas públicas, isto é, sem quaisquer investimentos, estrutura, merenda, valorização dos educadores, enfim, sem condições de trabalho e ensino, o que apenas reforça a suspeita de que o que está por trás do projeto é justamente a destruição do ensino público em favor capitalistas mercadores do direito à educação, empurrando os estudantes para o ensino pago.
Embora isso possa aparentar ter passado todos os limites, ainda há questões mais bizarras como a “flexibilização” da carreira do magistério, especificamente no que se refere às contrações de educadores, que através da reforma poderia ocorrer não mais apenas através de concurso com exigência de formação obrigatória em licenciatura plena, mas também pela via do “notório saber” que, não por acaso, é um “critério” para o qual o texto da medida provisória não apresenta a menor explicação; logo, subentende-se que qualquer pessoa que reúna informalmente qualquer conhecimento sobre alguma área do saber passaria de um minuto para o outro a sério candidato a professor no modelo de Temer para as escolas públicas, num ataque histórico que acaba efetivamente coma carreira do magistério.
A medida que reforma o ensino médio é apenas uma das muitas ofensivas que pretende o governo golpista de Michel Temer e seus ministros reacionários que não se intimidam em mostrar seus planos para os professores, alunos e a população em geral numa flagrante provocação que deve ser respondida nas ruas no próximo dia 29 contra todas as reformas dos golpistas, tal como a trabalhista e a previdenciária, contra os projetos que retiram direitos dos trabalhadores a exemplo da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241/2015, Projeto de Lei (PLP) 257/2016, entre outros, enfim, em favor de uma grande greve geral no país em defesa de todos os direitos e demandas da classe trabalhadora brasileira, sendo esse um instrumento essencial para derrotar o golpe no Brasil.